Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. (Mt 28.19)
O final do século XX foi, sem dúvidas, um tempo de barreiras culturais, políticas e geográficas sendo quebradas. Após a queda do Muro de Berlim e da União Soviética, experimentamos uma época em que o intercâmbio cultural fluiu como nunca. Viagens mais baratas e fronteiras abertas fizeram com que as viagens internacionais, para países até então inimagináveis, se tornassem acessíveis. E os confins da terra ficaram logo ali.
Nessa onda, as missões transculturais experimentaram uma expansão enorme, com os países considerados cristãos e com igrejas com forte visão missionária enviando seus vocacionados a povos que, historicamente, não se conhecia esforço missionário algum. O sonho de se ver a obra final da evangelização que precede a volta de nosso Senhor Jesus, o anúncio do Evangelho a todas as nações (Mt 24.14), parecia estar bem próximo.
O início desse século XXI, contudo, já nos apresenta um cenário bem diferente. Os atentados de 11 de Setembro nas Torres Gêmeas marcaram um novo tempo de desconfiança entre Ocidente e Oriente. Culturas e religiões diferentes se colocaram em pé de guerra e conflitos estouraram em diferentes pontos do globo, causando migrações às centenas de milhares e o inflar dos campos de refugiados. Para não bastar, a pandemia do coronavírus trancou a todos dentro de suas casas em algo sem precedentes nas últimas gerações.
O tempo que vivemos traz grandes desafios ao trabalho missionário transcultural da Igreja de Cristo. Vistos de permanência em muitos países, antes considerados fáceis de se conseguir, tornaram-se uma enorme dificuldade. O dólar alto tornou menor o poder aquisitivo do missionário brasileiro. Os que vêm de outro país, antes saudados como trazedores de interação cultural, agora são vistos com desconfiança como portadores de vírus letais. A pergunta que paira no ar, com isso, é: ainda é possível (e necessário) se investir em missões transculturais?
A resposta a essa pergunta não pode ser encontrada nos livros de análises de tendência, mas nas Sagradas Escrituras. Nos evangelhos, a ordem de Jesus não era condicional, tipo quando as coisas estiverem bem, anunciem o Evangelho às nações. Pelo contrário, quando lemos o livro de Atos dos Apóstolos, vemos que os primeiros cristãos enfrentaram, no Império Romano, intempéries muito maiores do que todas as aqui citadas. Eles enfrentaram condições de viagem e moradia das mais difíceis, foram perseguidos e mortos, sofreram torturas, apedrejamentos, açoites... mas em nenhum momento abriram mão de obedecer a ordem do Mestre: Ide, fazei discípulos de todas as nações.
A visão missionária da Oitava Igreja está em seu DNA. A intercessão missionária, o envio e a manutenção de missionários em países os mais distantes é feita há décadas e não há como imaginar uma igreja diferente. Em nossa Conferência Missionária 2021, abra sua mente e coração para entender o que o Senhor deseja lhe falar e faça desse momento uma renovação (ou início) de sua caminhada missionária pessoal. Todo crente no Senhor Jesus é convocado a viver a ordenança de Mateus 28.19, orando, contribuindo e indo, da porta do vizinho ao país mais distante, para anunciar as Boas Novas dAquele que veio, morreu, ressuscitou e hoje vive para comandar Sua Igreja até Sua volta. Afinal de contas, o mundo está mudando, mas a ordem permanece.
- Pr. Luís Fernando Nacif - Pastor Auxiliar