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HONRE AO SENHOR CUMPRINDO SEU PAPEL NA SUA FAMÍLIA

No princípio ouvimos que o Criador fez homem e mulher, ou literalmente, macho e fêmea. Lendo Gênesis 2.24-25, percebemos uma relação harmoniosa entre eles, na qual se tornariam uma só carne e viveriam juntos. Não apenas entre homem e mulher, mas neste ponto da história, tudo convive em harmonia, inclusive o homem com Deus. 

O que se segue ao relato do primeiro casamento é a narrativa da grande tragédia. Homem e mulher pecam contra Deus e, como consequência, são expulsos do jardim e amaldiçoados por causa do pecado.  

As relações harmoniosas como se via antes, agora, já não existem. A terra não produz mais como antes, o homem está afastado da presença de Deus e do Seu jardim, e a harmonia do casamento é intensamente afetada. 

Em Gn 3.16, Deus diz à mulher: “o teu desejo será para o seu marido, e ele te governará”. Para alguns, isso pode confirmar que a Bíblia é um livro ultrapassado que precisa ser urgentemente atualizado. Contudo, o que a Palavra apresenta é justamente o reflexo da realidade do pecado, em que as relações harmoniosas se tornaram disfuncionais por conta do pecado.  

O pecado colocou a humanidade debaixo de maldição, e o Evangelho nos apresenta um caminho de redenção, que pode levar nossas famílias a relações verdadeiramente funcionais. 

É justamente esse caminho que encontramos nos ensinamentos neotestamentários sobre a família. Deus nos ensina a viver em família dentro do contexto de um mundo caído. Para isso, cada um deve assumir seu papel e identidade, dados por Deus, e cumprir aquilo que Ele nos ordena. 

Fala-se em papel, ou função, pois sabemos que a diferença entre homem e mulher, ou filhos e pais, se dá apenas em suas funções e não em sua importância enquanto indivíduo – mas em relação aos papéis que cada um exerce. Observando Gl 3.28, percebemos que, em Cristo, homens e mulheres são iguais.  

Tendo cada um seu papel, dado por Deus, sua identidade está relacionada à essa função, de forma que só assumimos uma identidade verdadeira seguindo o caminho que o Evangelho nos apresenta. 

Sendo assim, na busca por sermos uma família que agrada a Deus e que é cheia do Espírito, devemos observar e cumprir nossos respectivos papéis. 

1 – Esposas, submetam-se aos seus maridos (Efésios 5.22-24; Colossenses 3.18; 1 Pedro 3.1-6) 

Ao que parece, muitos acreditam que a submissão da mulher em relação ao marido se deu por causa da Queda. Porém, se lermos com atenção o que Paulo escreve em 1 Coríntios 11.7-12, perceberemos a distinção entre homens e mulheres desde a criação e não desde o pecado. 

Deus criou homens e mulheres em momentos distintos e com funções diferentes. O que o pecado fez foi corromper as posições que haviam sido estabelecidas, de forma que, como disse Calvino em seu comentário de Gênesis, a “sujeição suave e honrada” foi substituída pela “servidão”. 

Apesar da tentativa de alguns de esvaziarem o sentido da palavra “submeter” (hipotasso), o uso dessa palavra no Novo Testamento nos mostra como deve ser essa submissão. 

Em primeiro lugar, a forma como o verbo é usado em Efésios e em Colossenses é a mesma forma verbal utilizada por Paulo em Romanos 13, quando diz que os homens devem se “submeter” às autoridades civis. 

Observando 1 Pedro com atenção, percebe-se que o “igualmente” (ARA) utilizado por ele, indica que a submissão das esposas deve ser tal como a submissão do servo para com seu senhor, ou dos homens para com o Rei.  

Isso não significa que a mulher se torna súdita ou escrava de seu marido, mas que o dever de submissão do súdito para com o rei e do servo para com o senhor, a mulher tem para com o marido; cada qual em sua própria condição. 

Efésios deixa isso mais claro dizendo expressamente que as esposas devem ser submissas a seu marido assim como são submissas a Cristo. Em que consiste nossa submissão a Cristo senão em uma amorosa obediência a Ele? 

Parece duro e politicamente incorreto falar sobre obediência da esposa para com o marido, como se isso fosse uma depreciação da mulher. Observando o exemplo de Paulo e pensando em nossa submissão ao Senhor, ela não me parece depreciativa, pelo contrário: nossa submissão ao Senhor nos confere honra. 

Claro que a submissão significa o respeito e a honra com que a mulher deve tratar seu marido, mas é inegável que deve haver obediência em amor ao marido, que por sua vez terá que usar sua autoridade em favor de sua esposa, como veremos a seguir. 

De toda forma, se o marido não for como deve, não torna a esposa isenta de suas responsabilidades. Não cumprimos nosso dever apenas porque os outros cumprem o dever deles, mas porque honramos a Deus, mesmo quando no exercício de nosso dever suportamos algum sofrimento. 

2 – Maridos, amem suas esposas (Ef 5.25-33; Cl 3.19; 1 Pe 3.7) 

Se por um lado a mulher assume no casamento o papel da Igreja, o homem assume o papel de Cristo, que se entrega em amor à Igreja. A Bíblia ensina que os mestres receberão maior juízo pela sua função (Tiago 3.1). Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. 

O homem é convidado em sua função, sendo o cabeça da casa, a amar sua esposa ao ponto de se entregar por ela. O exemplo é Cristo, e Sua entrega não foi nada menor que Sua própria vida. Maridos devem amar tão profundamente suas esposas a ponto de entregar a vida por elas. 

Com “entregar a vida” não quero dizer apenas em morrer literalmente por elas. Se for preciso, certamente devem, mas a entrega da vida deve começar com pequenas atitudes em favor da esposa. Amar, se entregar e fazer todo o possível para que a vida dela seja a melhor, mais honrada e mais suave possível. 

O marido não deve tratar sua esposa com amargura, pelo contrário: ele deve ser para sua esposa como um bálsamo, que alivia e torna a vida doce, ao invés de amarga. Todas as suas ações devem se voltar para adoçar a vida da esposa que ele ama. 

Pedro ordena que o marido viva “a vida comum do lar”. Essa ordenança pode ser traduzida literalmente por “vivei junto delas com conhecimento”. A ideia de conhecimento traz consigo o sentido de compreender a esposa; mas considerando o conhecer assim como o hebraico (yadah), como pode ser visto em Gn 4.1, conhecer é amar, inclusive sexualmente. O marido deve, então, em seu amor por sua esposa, dar a ela aquilo que lhe é devido no casamento, conforme 1 Co 7.3-5. 

Outro ponto a ser observado é que o marido deve considerar a esposa como a parte mais frágil. Pedro não pretende dizer que a mulher é frágil no sentido de inferioridade, mas num sentido físico; devendo ser, portanto, protegida. É dever do marido proteger sua esposa em todos os sentidos: físico, emocional e psicologicamente. 

Deixando claro que a fragilidade mencionada não tem nenhuma ligação com inferioridade, Pedro ainda acrescenta que o marido deve tratar sua esposa com dignidade, porque ela é coerdeira da mesma graça, ou seja: diante de Deus, ela tem a mesma importância que seu marido. 

A autoridade do marido dentro de casa deve, então, levar em conta todos os seus deveres e seu profundo amor para com sua esposa. O amor nos faz, quando possível, renunciar aos nossos direitos pelo outro. Esse amor deve guiar a família em um ambiente de diálogo e mútua cooperação, dando honra à mulher e às suas vontades e opiniões. 

3 – Filhos, obedeçam aos seus pais (Ef 6.1-3; Cl 3.20) 

Aos filhos, a ordenança é simples e direta: Obedeçam a vossos pais. Paulo, escrevendo aos Efésios, complementa a ordem aos filhos lembrando que, desde Moisés, a ordenança da obediência e honra aos pais existe. Contudo, ela não só existe como é chancelada por uma promessa divina. O povo de Israel, se obedecesse aos seus pais, viveria por longos anos na terra que o Senhor lhes daria. 

Aqui, Paulo sai do contexto da terra de Canaã e lembra que existe uma promessa aos filhos obedientes, de que viverão bem e por longos dias na terra. A promessa para Israel era de uma boa terra (Canaã) e de viver nela por muitos dias, indicando longas gerações habitando a terra. Para nós, porém, no contexto da nova aliança, a promessa recebe um significado mais profundo, de que a terra não é essa Terra, e sim a cidade celeste; e a vida não diz respeito a gerações subsequentes, mas à vida eterna. 

É claro que a obediência aos pais gera condições melhores para a vida. Devemos lembrar que não existe obediência absoluta a nenhuma autoridade desta vida – o que vale para mulheres e maridos, filhos e pais, cidadãos e governos. Os filhos, assim como em qualquer outro contexto de autoridade, só devem obediência dentro daquilo que não fira a lei de Deus. 

Dessa forma, se um filho ouve e obedece a seus pais naquilo que é bom, vive uma vida mais tranquila e protegida. Filhos rebeldes tendem a sofrer mais as consequências de sua imaturidade e a se degradarem mais rapidamente. 

4 – Pais, não irritem seus filhos (Ef 6.4; Cl 3.21) 

Aos pais, Paulo exorta a uma criação amável e rígida na medida correta. O termo utilizado por Paulo em Efésios traduzido como “criai-os”, transmite necessariamente a ideia de um cuidado amoroso. A ideia é a de nutrir, alimentar e dar de mamar a uma criança. Fica claro então que os pais não devem ser demasiadamente severos no trato com seus filhos, para que eles não desanimem (Cl 3.21) ou se irritem (Ef 6.4). 

Contudo, o cuidado dos pais em serem amáveis não os exime de serem firmes na disciplina e admoestação do Senhor. Todo filho precisa de correção, pois todos somos igualmente pecadores e devemos aprender a controlar nosso desejo (Gn 4.7). A correção dos pais é um ato de amor (Hb 12.7) que produz crescimento ao filho (Hb 12.11). 

O livro de Provérbios, por diversas vezes, fala do valor da correção, que deve ser sempre na proporção adequada para que o filho cresça em sabedoria. Tire um tempo para meditar em tudo o que Provérbios diz sobre a criação de filhos (Pv 13.24; 19.18; 22.15; 23.14; 29.15-17). 

Por fim, devemos lembrar que a disciplina deve ser sempre “no Senhor”. A disciplina e a admoestação do Senhor devem ser o foco da educação dos pais. Todos os pecados dos nossos filhos devem ser corrigidos, mas devemos ensiná-los que seus pecados não são contra nós, e sim contra o Senhor. 

A disciplina, então, não é porque seu filho fez algo contra você, ou algo que te desagradou. É porque ele fez algo contra Deus quando te desobedeceu. Se o foco da disciplina é educar o coração pecador da criança, o foco não pode ser o pai, e sim o Senhor Jesus. 

 

- Pr. Gustavo Quirino – Pastor Auxiliar 

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