Esta é a história de Agar, uma mulher forasteira, possivelmente adquirida por Abraão - quando ele ainda estava no Egito - e oferecida de presente para Sara, sua esposa, para ser sua serva e ajudadora, tornando-a uma escrava estrangeira.
Nessa altura da vida, Sara, embora tivesse recebido uma promessa, ainda não havia gerado um filho a Abraão e, com a ansiedade e angústia que essa realidade a trazia, decide entregar sua serva Agar para se deitar com seu marido, a fim de começar a descendência de sua família. Abraão não se opõe, aceita a proposta, e Agar engravida. Ensoberbecida pela nova situação dentro da família, mãe do filho de Abraão, Agar demonstra insubordinação e desprezo por sua senhora, resultando em duras reprimendas de Sara e em sua fuga pelo deserto.
E foi ali no deserto que o Anjo do Senhor apareceu a Agar, marcando sua história. Ao chamá-la pelo nome e lhe fazer perguntas diretas, como quem verdadeiramente a conhece, o Anjo ordena que ela honre sua senhora (e assim ao Senhor) e volte para casa. Que Ismael, seu filho, fizesse parte da descendência de Abraão não era o plano de Deus, mas tampouco frustrou Seus planos. Além da promessa que já havia sido feita a Sara e Abraão, o Senhor faz no deserto uma promessa à geração de Agar, transformando rejeição em esperança.
O tempo passa e Sara dá à luz a Isaque, o filho da promessa. Em um episódio da vida que se segue, Ismael, maldosamente, caçoa e desdenha de seu irmão mais novo, atitude esta que incita a ira de Sara, quando ela enxerga uma ameaça real à relação futura dos irmãos e, consequentemente, da família e geração. Assim, mais uma vez, Agar é rejeitada e, sem escolhas, se vê obrigada a partir e sair errante pelo deserto. O resultado de uma fuga despreparada associada ao sentimento de rejeição foi desastroso. Sem forças e sem comida e bebida suficientes, Agar coloca seu filho Ismael debaixo de um arbusto e se afasta para não vê-lo morrer. Como demonstração de desespero e desesperança, Agar chorou.
Diante de uma trágica história envolvendo desobediência e rejeição, a misericórdia foi milagrosa. O Deus que vê, também é o Deus que ouve. O Deus que enxergou a grávida e desesperada Agar no deserto, com amor e graça, foi o Deus que ouviu a voz e o clamor desse menino quando a morte parecia iminente. E com encorajamento, o Anjo do Senhor diz: Ponha-se em pé, levante o menino e segure-o pela mão, porque eu farei dele um grande povo. (Gênesis 21.18)
Então Deus lhe abriu os olhos, e ela viu um poço de água. E, indo até o poço, encheu o odre de água, e deu de beber ao menino. (Gênesis 21.19)
Nosso Deus é misericordioso. Quando, na primeira vez, Agar foge para o deserto, ela não estava procurando pelo Senhor, mas, pelo contrário, fugindo de todos, ainda assim, Ele a viu. E isso mostra o quanto Deus está mais interessado em nós do que podemos estar interessados nEle. Jesus, o Anjo do Senhor, a chama pelo nome e faz perguntas que tocam o coração, não porque Ele precisava dessa informação, mas porque desejava mostrar quem Ele é. Uma estrangeira, escrava, rejeitada que, para o Senhor, tinha valor. A bondade e misericórdia desse Senhor a alcançaram naquele deserto com direção e promessas. Agar não estava sozinha, por mais que todo o contexto parecesse dizer o contrário.
Quando, na segunda vez, Agar foi expulsa para o deserto e demonstra total desespero, aparentemente havia se esquecido do Deus que vê, do Deus que a viu, se esquecido da promessa feita. Quando Agar chora e não ora, ela se entrega e não reconhece o Deus que vê, o Deus que ouve, o Deus que faz aparecer um poço de água diante dos seus olhos. E foi assim, como no primeiro encontro, que, pela graça e misericórdia, Agar é chamada pelo nome, encorajada e lembrada da promessa. Deus intervém no caos e em meio à crise traz a ordem. A misericórdia de Deus é e sempre será uma realidade, mas a presença do Deus da misericórdia estará para aqueles que verdadeiramente o buscam.
O Deus que vê, é o Deus que ouve, é o Deus de promessas: promessa de vida eterna, de salvação, de provisão. Agar foi alvo de uma promessa tão maravilhosa, uma promessa para sua geração. Todo aquele que crê em Jesus Cristo, da mesma forma, é alvo de uma promessa muito mais grandiosa, a promessa de salvação. Por isso, não perca a visão das promessas que já foram conquistadas na cruz para você. Por maior que seja o deserto, por mais triste que seja a rejeição, por mais impossível que seja a situação que esteja enfrentando, você não está sozinho! Deus está te vendo, ouvindo e tem promessas preciosas para você.
Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre. (Salmos 23.6)
- Pr. Tiago Torres - Pastor Auxiliar
